Minhas tardes são excepcionalmente comuns, sou comum, vivo comum. Sempre bebo café, sempre espero o sol se por, não tenho grandes ideais, às vezes tomo um ônibus quando estou longe de casa, quando preciso sair.

Um jovem rapaz chorava ao meu lado dentro do ônibus, havia me esquecido que as pessoas se comovessem procurei em suas mãos, e não encontrei nenhuma literatura - ora, algo lhe incomodava - perguntei se estava tudo bem, acho que isso é comum, os seres humanos tem por obrigação serem comumente gentis?
Ele disse que estava tudo bem, mas eu reconheci aquele olhar, o rapaz estava sofrendo de amor, pobrezinho não tinha mais que vinte e dois anos, e estava amando. Confesso, fiquei balançada, mas me distrai com um vendedor oferecendo doces aos passageiros...
O rapaz desceu do ônibus e me perguntei o que será desta criatura? Desejei-lhe sorte em sua vida, lembrei de mim vinte e dois anos atrás... Eu ainda chorava.
Cheguei a meu ponto de ônibus, desci e fui andando até minha casa, acendi uma cigarrilha de chocolate, adoro-as - é todo o prazer mundano que tenho e posso usufruir.
Abri minha caixa de cartas e decepções... Chorei.... vi nossas fotografias.... é, já fazem vinte e dois anos....
saudade, meu bem, saudade.
saudade, meu bem, saudade.
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