sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Vazio, por Thiago Almeida.

Como eu gostaria que as coisas fossem diferentes, mas também iguais. Eu gostaria de poder ser o que posso ser e sou hoje, e ser o que não sou e não me deixo poder ser e não sou, sendo. Como eu queria ter coragem para olhar nos seus olhos e dizer uma besteira que parecesse incríveis para nós dois, como eu gostaria de poder ouvir sua voz no telefone igual eu ouvi hoje - no meu sonho. Como eu gostaria de poder sair dirigindo pela cidade e te encontrar em uma esquina não movimentada e te arrancar de lá e levar comigo para um paraíso qualquer que não conheçamos.

Como eu gostaria de deixar de sonhar e só viver num sonho. Minha apatia perante tudo tem me incomodado tanto - virar a cara para a vida, tem me mostrando coisas que eu nunca quis ver, e agora eu vejo. Não agüento mais entrar no mesmo quarto que você e fingir que você não está e também fingir para todos que lá eu não existo, enquanto eu ainda respiro e sinto, sinto tanto, mas não sei mais sentir. Debochada essa vida, onde sou acusado de tanto sem ter ao menos culpa.
Hoje eu queria dizer apenas que eu estou triste, mas eu nem precisava de tantas palavras para falar sobre isso - mas também estou me sentindo uma matraca: como uma criança que aprende a falar e quer descobrir esse novo mundo. Talvez seja isso que eu precise construir: um novo mundo - e livrar-me de fantasmas e construções antigas que habitam meu coração. Já sei que Deus não é mais a solução, por mais que eu grite espantado seu nome, ninguém ouvirá, nem mesmo.


Thiago Almeida F.