segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Espera de você, por Thiago Almeida.


Esse desespero da espera, essa angustia sincera do amanhã: Às vezes esse fardo de esperar tanto, pesa e dói. Por que eu não sou de ninguém? Às vezes eu olho pela janela do meu apartamento e vejo casais apaixonados, todos meramente humanos igual a mim. Qual será o meu defeito?

Deve ser porque só freqüento onde a melancolia se encosta, por eu ter cadeira cativa na mesa do sofrer de um bar. Deve ser porque quem diz que ser meu amigo ocupa demais meu coração. Ou não nasci digna de amar. Por vezes eu que sou incrédula até a ponta dos meus dedos, me pego crendo em destino e penso em procurar uma vidente que diga qual o sentido disso..

Meus amores sempre foram proibidos pra mim, nunca tive sorte de encontrá-los e encará-los docilmente e viver romances que eu sempre li. Mas essa espera que já dura, talvez ainda me traga recompensa, talvez o que venha seja o que sempre quis, mas ainda não estou pronta pro sim..

Eu ainda sou inocente e fantasio contigo, eu acho que você poderia salvar-me dessa mesmice que aqui eu digo, por isso é que me jogo aos teus pés, porque já não sei mais se devo esperar da vida ou devo tomar partida.
Eu te espero ainda vindo em minha direção e me convidando para um café, um cinema, um teatro ou uma volta qualquer. Queria que você resgatasse da carnificina de corações dos bares de esquina e me fizesse saber que essa espera que tanto me desatina, por fim faria valer a vida.

Seu moço, eu sonho contigo faz tempo, tem épocas que acho que te esqueço, mas basta os encontros repentinos fazerem você passar por mim, e eu ver o reflexo do sol brilhar em seus cabelos, seu sorriso fazer brotar flores em meu jardim, a sua mão me causar tremores e a sua voz causar comoção. Fico frágil e com o coração pesado e nem consigo dormir..

Faço tudo para que você me veja, uso salto, me penteio, mas parece que esse seu olhar inatingível te faz ver somente além de mim. Não me repara, não me encara, não me dá bom dia, não me traz flores e eu me sinto um fracasso, muitas vezes me embriago e fujo de mim.
Mas cumpro meu papel resignada, queria que fosse você, mas se a vida achar que não deve ser, continuarei na espera de viver esse doce amor, seja como for.

Para você - espero que algum dia leia.


Madame Bleue

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Despedida de Luisa, por Thiago Almeida.



Tá perto. A despedida cada dia encurta-se menos de nós. Eu fico aqui em casa calada, olhando os presentes que você costumava trazer, olho pras fotografias que costumávamos tirar, rio dos assuntos e das gargalhadas que costumávamos dar. Um dia vem o tempo e a vida e nos separa assim; você longe de mim.

Tantos caminhos a seguir e os que te encontraram foram justo os que te levarão para longe de mim, mas acho que com a idade fiquei mais conformada, sei que por mais que fique magoada sua vida é mesmo nessa estrada.

Peço-te que me mande cartas, cheias de letras que pareçam musicadas, quando sentir que minha imagem de sua memória está sumindo como fumaça, olhe aquele retrato, cante uma canção, reze ou dê uma golada em algo destilado. Por aqui eu vou lhe fazer um bordado, vou caprichar nas linhas, formas, cores, vou deixar tudo do jeito que você sempre gostou.

E tentando me conformar vou vivendo, às vezes esmorecendo, às vezes embriagada por aí, às vezes perdida dentro de mim, às vezes andando na contramão. Vou sonhar com tua volta todos os dias, vou rezar mil ave-marias, eu vou, e na festinha de Santo Antônio esse ano só vou fazer promessa pro nosso amor, em janeiro vou ao rio deixar uma flor – eu sei que a água corre mundo.

Mamãe disse que preciso ter desapego, que me iludo demais com teus aconchegos, que irás voltar amando outra e talvez assim seja, mas se assim for com fé em Deus enfrento mais essa empreitada. Mas eu não tenho medo, nem sou ingrata, pois aqui você só me mostrou o que ser adorada.

Vai meu garoto, menino que já é grande, vá pelo seu caminho que eu por aqui fico, eu sei que a vida jamais 
vai me tirar dessa casinha, Deus quando me deu a vida, não me destinou grande coisa, pode me chamar de louca, mas eu sei que minha sina é viver por ti até que algum dia morra.

Com muita saudade eu termino essa carta, desculpa se errei em alguma palavra, mas é que na tua presença eu só fico calada. Leva contigo por essa sua estrada, por mais longe que você esteja, se você pensar em mim jamais estará sozinho.

Luisa.

Vinte e cinco de Agosto de 1939.