domingo, 21 de julho de 2013

Perdoem, por Thiago Almeida.



Faz tempo - eu vim embora. Faz tempo, eu estou no mesmo lugar.

Eu ontem quando passei a mão no rosto, já com minha mão áspera como antes não era - senti as marcas da vida em minha fronte. Eu que bem tentava, eu que pouco falava, eu que jamais me encontrava, e que tanto dizia e nunca bastavam palavras.

Eu bem que queria fazer tudo diferente, mas fazer a diferença com o que eu sempre julguei ser tão pouco era o meu dilema.

Meu coração às vezes explode tanto de emoção, de amor, de angustia, mas sabe? – É tanta carne e é tanto sangue, é tanta mágoa e tanto pranto, que é tão difícil abrir a boca e tão difícil controlá-la.

Você que acha que eu não tenho medo de fazer por onde, mal sabe o que grita dentro de mim. Que em meus desejos mais complexos, no fim o que eu queria era apenas levar a vida que vocês quiseram pra mim.

Meus dias, às vezes me sufocam por eu não saber por onde começar, e quando começo, a incerteza dos caminhos de onde vou chegar me fazem parar. Todo dia, apesar das faltas de certezas que eu carrego comigo mesma, no fim de cada dia eu só queria fazer recompensar os amores que os outros sentem por mim.

Fico feliz por ainda conseguir registrar aqui uma gota do que meu coração anda transbordando: Meus anseios, meus medos, minhas incertezas, minha vida, minhas amigas, minha família.

Não me faço tão clara, pra que você não se assuste com que amarga dentro de mim.

Com amor,

Madame Bleue.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Desabafo de Inverno, por Madame Bleue.


Faz muito frio nesse apartamento, acordei, olhei pro lado e vi na minha cabeceira um abajur apagado, uma cartela de aspirina com o ultimo comprimido. Levantei senti um frio na espinha e achei que pudesse vir de alguma fresta da janela, me olhei no espelho, e quando notei meus olhos senti novamente o frio, mas dessa vez era no meu no peito: recordei-me; meu coração gelado.

Andei um pouco pela casa, acendi um cigarro, cantarolei um bolero antigo, fiz meu café, me sentei , fechei os olhos e nos meus pensamentos olhei pra trás. Como em um baralho de tarô fui virando e desvendando cada carta, só me apareciam figuras de amores fracassados.

Talvez eu quisesse chorar, mas tudo dentro de mim está como um sertão gelado, um sertão onde a seca destruiu tudo e nada nasce, mas também gelado a ponto de deixar congelar qualquer tentativa de esmorecer.  

Queria que minha vida fosse diferente e ninguém pode me acusar de não tentar fazê-la, mas ela insiste em me receber com seus caminhos hostis.

O desespero que se tornou parte de mim me deixou inóspita e sem alternativa. Abri um livro antigo chamado bíblia sagrada, cheias de palavras de consolo, mas infelizmente a vida já não me permite ser mais tão inocente a ponto de me fazer acreditar em verdades que nunca foram pra mim.

Talvez sejam os astros, talvez seja minha encarnação passada, mas me perguntar por que não muda nada. Resta-me despertar dessa pausa reflexiva, arregalar os olhos, seguir a diante e tornar-me cada dia mais indiferente a essa realidade minha.

A dor é inevitável, livrar-se do passado impossível, viver o presente é o caminho, projetar o futuro: um desperdício.

Com amor,


Madame Bleue.