quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

maldito tempo, por Thiago Almeida

a vontade que dá de gritar as oito
vontade de morrer as oito e dez
oito e vinte a dor vem junto com uma azia
as oito e trinta a mão não para de suar e o desejo de tomar aquele calmante aumenta
as oito e quarenta nada ainda acontece você fuma de novo e bebe café
a cabeça explode as oito e cinquenta dá vontade de matar
as nove você se arrasta no chão, mistura tuas lágrimas a poeira, saliva e suor

não adianta olhar as horas a dor permanece
a meia noite você sabe que não existe mais onibus disponíveis e ele não virá
você se perfuma com essência de cravo e baunilha vai até a rua mas regressa

você amaldiçoa-se, procura um consolo na agenda
mas a imagem maldita da rejeição materializa-se em cada segundo
os amigos dizem que você ficará bem

mas não é isso que dizem seu jogo de tarô
a dor de amor é a pior por não ter remédio
não há elixir que cure
só o tempo, mas ele tem seu próprio movimento.