segunda-feira, 23 de abril de 2012

Constatação de Bleue, por Thiago Almeida.


Mandei buscar uma estatua de Buda, uma espécie de divindade oriental. Mas aqui, imersa no peito da pátria amada do Ocidente,  divindade, em meia a tanta loucura nas ruas, tem outro nome, vem em cápsulas e se conhece por lítio. Bebo com água, outrora, quando estou desmasiadamente descontrolada  com vodca.

No prédio ao lado do meu, pastores cristãos falam algo sobre a verdade, sobre uma palavra que pode lhe salvar e conduzir aos céus, mas dentro do meu apartamento a única que palavra que conduz aos céus, são proferidas em cima da minha cama.

Dentro do hospital que por ora visito, existe um recinto que conhecemos por farmácia, lá se encontram a cura de todos os males. Todos os males só serão curados, quando não houver mais existência humana . Existem ciências hoje que já se aproximam da alma, porém encontrar alma em seres como nós, tem se tornado cada dia mais difícil.

Por ora canso de ensaiar de viver, e procuro alguma cena em que possa praticar um pouco de vida, mas não tenho encontrado atores a minha altura que também estejam cansados de mera encenações de vida comum.

Queria, mas querer me limita, tanta gente quer, tanta querência nesse mundo para que? Se o querer é quem destrói. Hoje me dói saber que só existira caminho para o futuro, através do fim do passado, só haverá o progresso, quando houver a morte do natural.

O corpo humano, é um templo. Mas na história descobrimos que os templos são facilmente destruídos, principalmente nós, seres racionais, que nascemos carregando todo mal e todo bem. Nascemos dotados de um fim, que não há como fugir.

Viver os instantes de felicidade que a vida me empresta, é o que devia fazer a partir de hoje. Contemplar meus sonhos, enquanto nesse presente, ainde posso realiza-los. O medo que sinto do que virá, as vezes me perturba tanto. Mas o que virá?

Encerro esse desabafo com muito amor, e ternura, espero que sempre possam encontrar algo bom. que possa refletir-me, em minhas palavras.


Obrigada,

Madame Bleue.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Breve relato sobre a loucura, por Thiago Almeida.


A linha da sanidade: eu vi.e a ultrapassei. Quando me olhei me achando um pouco narciso, ao me pentear defronte ao espelho, vi que fora do normal, nem tudo é o que se sente. Nem mesmo uma dor pungente no coração representa a morte. O que causa a morte aqui, na loucura é a cabeça, dos outros.

A loucura que eu vi, trouxe um mundo cinza, e por mais que eu esfregasse os olhos vendo tudo, eu só cinzas via. A cena de amor mais mórbida que presenciei, e mais sã de todos os momentos que vivi, nesse cinza momento irreal: fora de um casal separado por uma agulha enfiada na veia – Ela estava dopada,  ela estava sem nada e Eu (nesse momento Eu e não eu) estava louco, e me sentia mais louco por ver amor no fim, e por ter certeza que nem mesmo Este pode os salvar.


No insano, os caminhos parecem perigosos. O mundo se mostra e você com os olhos cinzentos, enxerga a perversão da vida e se choca tanto ao saber que sua carne e sangue nada são, que nem sempre é possível encontrar o caminho de volta, que nem sempre o sempre será. Os medos não são abstrações, eles se materializam e te tocam, te partem, te possuem. 

As dúvidas não existem, o inferno também não, pois padecer no insano é descobrir a mentira de um lugar onde Cristo jamais penetrou. A loucura te imobiliza e te incendeia, não é fácil a experiência de ser, ser mais que um ser vivo, ser um Ser sem definição alguma que palavra lhe deixe fazer.

Eu fui, e estou voltando... quero voltar para o mundo de ilusões, o mundo real me deixou perplexo, sinto uma dor muito forte cada vez que minha mente ousa cruzar estes caminhos.

Vou tentar seguir minha vida como sempre havia sido, sem querer saber demais do espírito ou entrar no ego, saltar da vida e mergulhar na alma, não quero encontrar-me com Deus ou saber da verdade. A partir de hoje vou me manter como sempre fui, alheio a verdade alguma.