quinta-feira, 19 de abril de 2012

Breve relato sobre a loucura, por Thiago Almeida.


A linha da sanidade: eu vi.e a ultrapassei. Quando me olhei me achando um pouco narciso, ao me pentear defronte ao espelho, vi que fora do normal, nem tudo é o que se sente. Nem mesmo uma dor pungente no coração representa a morte. O que causa a morte aqui, na loucura é a cabeça, dos outros.

A loucura que eu vi, trouxe um mundo cinza, e por mais que eu esfregasse os olhos vendo tudo, eu só cinzas via. A cena de amor mais mórbida que presenciei, e mais sã de todos os momentos que vivi, nesse cinza momento irreal: fora de um casal separado por uma agulha enfiada na veia – Ela estava dopada,  ela estava sem nada e Eu (nesse momento Eu e não eu) estava louco, e me sentia mais louco por ver amor no fim, e por ter certeza que nem mesmo Este pode os salvar.


No insano, os caminhos parecem perigosos. O mundo se mostra e você com os olhos cinzentos, enxerga a perversão da vida e se choca tanto ao saber que sua carne e sangue nada são, que nem sempre é possível encontrar o caminho de volta, que nem sempre o sempre será. Os medos não são abstrações, eles se materializam e te tocam, te partem, te possuem. 

As dúvidas não existem, o inferno também não, pois padecer no insano é descobrir a mentira de um lugar onde Cristo jamais penetrou. A loucura te imobiliza e te incendeia, não é fácil a experiência de ser, ser mais que um ser vivo, ser um Ser sem definição alguma que palavra lhe deixe fazer.

Eu fui, e estou voltando... quero voltar para o mundo de ilusões, o mundo real me deixou perplexo, sinto uma dor muito forte cada vez que minha mente ousa cruzar estes caminhos.

Vou tentar seguir minha vida como sempre havia sido, sem querer saber demais do espírito ou entrar no ego, saltar da vida e mergulhar na alma, não quero encontrar-me com Deus ou saber da verdade. A partir de hoje vou me manter como sempre fui, alheio a verdade alguma.

2 comentários: