segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Página rasgada, por Thiago Almeida.



Há quem me veja e só enxerga um rapaz com um cigarro na mão, sorrindo, e muitas vezes com vontade de explodir a cabeça dos outros.

Há quem me veja, e só veja em mim o que projetou depois de tantos anos me ver pedindo uma bebida e ficando bêbado.

Há quem me veja, e só enxerga alguém que ainda não aprendeu a lidar com seus sentimentos e lida com isso de forma bem humorada.

Há quem me veja e só veja o que acha que eu posso estar sentindo.

Todos os dias quando eu abro os olhos pela manhã, eu reflito – hoje é dia de ser menos “louco”.

Essa minha impulsividade que me domina, e me faz agir rapidamente em certas situações que a calma seria mais do que necessária. Mas sabe? Talvez você não acredite, mas eu acredito que paciência seja meu forte. 
Eu sempre esperei tanto e pra certas coisas eu ainda espero, nem sempre de bom humor e de bom grado, mas mesmo assim, espero.

As pessoas que amei - Olha, elas foram especiais para mim. Talvez elas não entendessem tudo que eu passava e tudo que elas significavam e que por tanto amar eu só as quisesse pra mim.

Ninguém entende que quando de manhã, eu fico escutando música, tomando café e acendendo incenso eu me sinto tão só. Eu limpo meu quarto, passo lavanda, passo qualquer coisa que lembre rosas. Eu gosto de me sentir assim. E a cada vez que movimento o rodo com um pano, traço meus sonhos, imagino meu dia, remonto minha existência e mesmo assim continuo me sentindo sozinho.

Às vezes grito com os amigos, brigo, falo mais do que deveria. Mas meus amigos pra mim são importantes demais, pois só com eles consigo viver histórias de amor que fazem sentido. Antes de sair casa eu penso tanto, eu lido tanto com meu eu e talvez seja por isso que eu só chegue atrasado.

Eu também posso parecer ingrato a vida, quando ela me oferece “alguém” que enquanto aquele que espero não chega eu pudesse ir me divertindo. Mas esse não sou eu, se eu te vejo pego sua mão e não sinto que você é quem eu deveria abrir mão dessa prisão - me desculpe meu bem, mas não vai ser contigo.

Podem chamar de orgulho, ou seja, lá o que for. Mas eu quero ter aquela sensação de poder dizer – valeu à pena esperar. E talvez eu só espere. Talvez esse alguém nunca chegue talvez na velhice em determinados momentos eu me arrependa de não ter deixado a vida ter me pregado mais peças como essas.

Mas eu não sei, quando penso assim, prefiro acreditar no espiritismo. Talvez não seja nessa vida, e se assim for, fazer o que? A minha existência deverá ser plena, eu tenho muito que fazer e muito de bom pra dizer.

Mas eu peço a Deus que não me deixe sentir assim, pois eu queria uma vida de sorrisos, flores na barriga, de discussões com finais felizes. Uma vida de cumplicidade e de entrega a outra alguém que eu pudesse chamar de meu.