sexta-feira, 27 de agosto de 2010

OFF ESPECIAL: Um dia qualquer, por Thiago Almeida.

Em um desses dias quentes de agosto, ele acordou, e pensou em fazer o que tinha que ser feito, na verdade não recordo bem se ele pensou, acho que já está tudo dentro dele, é tudo muito automático em sua vida.


Escova de dente, creme dental, não - deixa pra depois do almoço - um café, um cigarro, deixa pra agora. Ele estava feliz, ouvindo suas canções de natal, sim, isso é só pra vocês verem como ele é ansioso, natal em agosto, aonde já se viu? Ainda tinha dia de finados, dia das crianças, aniversário de entes queridos.

Oh, meu deus! - a sua xícara caiu no chão, tentou remendá-la como sempre fez com seu coração.
Coração, ele tinha uma pelúcia de coração, que ele sempre dizia: Preciso lavá-la.

Lavou a alma, por volta das 11 horas da manhã, no meio das canções de natal, tocou uma canção, tocou a alma.

Ele sentou no banco de madeira, na varanda da sua casa, e chorou mais uma vez - ai minha nossa senhora, que mal eu fiz? - mas tava uma ventania chata, de vez em quando por causa do vento, ele sentia o perfume que estava usando, doce, doce, doce - ave Maria!

Cheiroso demais, já mudou de assunto de novo, gente, mas ele tava chorando ainda agora - Putz - ele se lembrou novamente, e conversando sozinho pediu - fulano, aparece, vai... - não cabe falar o nome da pessoa, isso soa antiético, coitado!

Como se o vento pudesse resolver seus problemas, já está ocupado demais enchendo os pulmões por aí, carregando sementes, refrescando os que estão com calor.

Ai meu pai, quem arranhou esse CD - Vixe Maria, lá vem ele reclamar, reclamão, parecia um velho ranzinza às vezes, mas tem um bom coração, eu sei que tem.

Foi pro trabalho, às vezes ele se diverte muito por lá, faz piada, fala besteira, pegou o ônibus, vazio por sinal, - deve ser porque hoje é sexta, e as pessoas tiram seus carros da garagem - sentou e viu passando pela janela sua cidade, cheia de gente alvoroçada na feirinha - risos - na parada seguinte, subiu mais uns passageiros, dentre eles o fulano, aquele que ele de uma forma ingênua pediu que o visse novamente, sentou-se do teu lado - conversa fiada - armadura de desdém.

E não é que o fulano falou a palavra saudades, disse que queria de novo, de novo e de novo e disse que seu coração, o coração do fulano veja bem, não o dele, não o de pelúcia, estava batendo mais forte, disse que queria beijá-lo ali, mas que isso não poderia acontecer, o que iriam pensar as pessoas?

Dois rapazes, se beijando dentro de um ônibus ele pensou - homens já foram enforcados por menos.

Incrível, ele estava tão feliz, nada mais poderia abalar sua vida, o fulano pegou em sua mão e disse algo como - Estou gostando de você.

De repente, assustou-se tinha passado da sua parada, e olhou pro lado e não era o fulano quem estava a lhe falar, na verdade não tinha ninguém.
Frustrou-se, levantou rapidamente da cadeira e na sua caminhada de volta a parada que deveria ter descido, pensou consigo - Como tenho uma imaginação boa - talvez uma lágrima tenha descido de seus olhos, mas ele como sempre fez questão de secá-la, passou seu creminho pras mãos e foi-se...

Daqui pra frente é tudo mais do mesmo, nem compensa falar... É vida real, entediante como é.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

OFF ESPECIAL: Hipocrisia, por Thiago Almeida.

Enoja quem tem coragem de enxergá-la,
Enoja-me a minha falta em denunciá-la.

Às vezes uma risada é meu grito de protesto,
Pessoas se apontam, pessoas se esquecem do espelho,
Da alma.

Falam do amor sem nunca o terem conhecido,
Repudiam e vivenciam os mesmos clamares.

O meu ódio também é hipócrita,
Pois sinto pelo os outros o que também deveria sentir por mim.

Você sempre esteve tão ocupado em falar como ele era um idiota,
E esqueceu-se de quantas vezes você o obrigou a ser assim.

Rosas, chocolates e um cartão bonito só dizem aos outros,
O que você gostaria que realmente fosse.

Eles acreditam, pois também fazem uso da hipocrisia geral,
Aprendem com você, como você, não, não aprendem.

Thiago Almeida.

OFF ESPECIAL: Noite de Destruição, por Thiago Almeida.

Faz tempo, o sol já se foi,
A esperança de ter comigo esta noite,
Vai embora a cada minuto que passa,
Já é meia noite, e nenhuma ligação.

É tarde, e tudo que restou foi um apartamento vazio,
A noite embalada por uma cantora de bolero,
Do bar da frente,
Sento de camarote na sacada deste apartamento, já não tenho forças pra chorar.

Já me embriaguei de tanto álcool e dor,
Nem a lua se interessa iluminar-me, tudo é escuro,
Vejo casais apaixonados correndo para não perderem o ultimo trem,
E os minutos não perdoam tudo é dor,
Por um instante penso te ver, mas é ilusão,
É apenas mais um na multidão.

Tento escrever, mas as lagrimas cegam-me as palavras,
A noite está findando-se,
As luzes do bar se apagam, a garrafa está vazia,
Como minha alma.

Preciso dormir, pois corre em boca miúda,
A esperança é a ultima que morre,
E neste novo dia, voltarei a lhe esperar,
Neste mesmo apartamento, que triste está.

Triste sem você, já não sei mais de amigos,
Já não sei mais de mim,
Já não me interessa mais o beijo apaixonado de novela.

Acordo tarde, uma dor de cabeça que parece partir-me a cabeça ao meio,
Pois partido já está meu coração,
Mais uma vez me preparo para meu ritual de espera,
O seu perfume preferido, o frasco cheio.

As palmas ecoando na rua avisam-me
O show desta noite começou,
Pegarei meu lugar de sempre.

No calor da noite e ao som de amargura,
Que tudo me diz,
Vejo você, irradiando um novo amor,
De braços dados com outro alguém.

Não era mais bolero, era marcha fúnebre,
Estavam sepultando meu amor e esperança.

Tentei chamar teu nome, mas os soluços,
Tiravam-me a voz.

Tive uma idéia, tiraria lhe dos braços da outra,
Tomei o ultimo gole, desci as escadas.
Dei de cara com um automóvel, que arremessou o meu corpo,
Em teus pés,
Era onde eu precisava estar.

Com os olhos já borrados de maquiagem,
Com meu vestido rasgado, meus ossos quebrados,
E o sangue derramado, me despedi de ti,
Foras minha ultima visão, olhei em teus olhos
E nada mais foi dito apesar das sirenes,

Sei que você entendeu,
Você costumava saber o que fazer,
Nas noites frias debaixo dos lençóis,
Quando eles pediam para que me amasse,
Desta vez nada pediram por mim,
Apenas disseram à frase que não consegui,
Diziam: adeus, maior amor de mim.



Thiago Almeida.

OFF ESPECIAL: Ilusão Corriqueira, de Thiago Almeida.

No dia em que te conheci,
Pensei: Seria tão bom.
No dia que te reencontrei,
Não pensei: Agi, e foi tão bom quanto imaginei.

Uma conversa fiada, verdades cheias de interrogações minhas,
Não sou fácil, ou na verdade sou mais que isso,
Sentei-me ao teu lado e beijei-lhe,
Foi tão boa sua retribuição, e naquele momento,
As interrogações ficariam pra mais tarde.

E foi um dos melhores momentos destes dias que venho vivendo,
Carinho e atenção às vezes é tudo que precisamos,
No fim, você se despediu me prometeu uma ligação,
E até ai estava tudo muito bem.

Aparentemente, quis me preocupar em não mostrar-me preocupado,
Mas por dentro, era tudo que eu mais queria.

Tentei enganar meu coração, me deitando com outro,
Alguns minutos de prazer podem adiar uma saudade,
Mas depois tudo acabou, e a realidade não perdoa, estava só.

Deitei-me sonhando em vê-lo novamente,
E um dia de agonia amanheceu ensolarado,
Os minutos passavam e castigavam-me o coração,
E você não veio, nem se quer lembrou.

No fim da noite, algumas lágrimas rolaram,
Mais uma decepção, mas você não tem culpa,
Esse é meu destino.

Não ouso fazer perguntas sobre onde você está,
Pois sei, que as respostas podem doer ou emudecer a alma.

Meus pensamentos vão de graça até você,
Reviro na cama,
Tento contornar minha emoção, enganando-lhe com futilidades do dia,

Faço uma oração, peço que te levem embora do meu coração,
Que já não agüenta mais.
E finalmente adormeço, meus sonhos enganam meu subconsciente
Nele você não está.

Mas a manhã fria chega,
Meus olhos embaçados procuram uma ligação perdida, uma mensagem, um sinal,
Mas encontram o quarto vazio e um maço de cigarros.

Um café, um cigarro, as obrigações de uma segunda-feira
E a esperança de ter de volta meus dias solitários
Onde os vivo sem esperança de ninguém.



Thiago Almeida.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

A Ira de Fulana, por Thiago Almeida.

É hoje à noite, está tudo pronto
Com as copias da chave entrarei no palco:
Palco imundo, que é platéia de cenas de mais puro horror
E que hoje terás uma convidada especial: minha ira.
E uma cena jamais esquecida, cena de crime, cena de amor.

O roteiro: A infidelidade
O ator principal, já interpretou o amor para uma platéia de só um
A mim?
Serei apenas antagonista esta noite.
Gloria Grahame.

Lembro de alguém falar-me sobre bom gosto de uma atriz,
Um vestido preto,
Anel, brinco, bracelete, um homem errado
Cigarro aceso, um conhaque, a dose mortal
Será o melhor de mim

Um revolver dourado,
Passos solitários em becos sem saída
Escada vazia, apartamento arrombado
E é só aguardar, a melhor cena está por vir
Começará logo após o beijo dos mocinhos

Neste palco a mocinha, já não é tão mocinha assim
Está corrompida, está corrompendo, destruiu-me
Transformou-me em vilã
E o mocinho, impregnado de toda a
Sujeira do meio, tenta convencer aos que assistem, a tragédia que é sua vida

Abrem-se as cortinas, lágrimas de ódio
A mais bela atuação, disparos certeiros,
Platéia em choque
Sangue
Artificial, sangue podre.

Acaba-se ali, uma tragédia,
Que fora escrita pelo o destino,
E atuada, pelo os melhores atores
E que me fora entregada em cima do prazo
Sem tempo para pensar, só houve tempo
Para um desfecho, o final, o meu final.

Um crime, um adultério
Que irá estampar os melhores jornais
E que terei o prazer de contar aos críticos
Os promotores da injustiça
Detalhes sórdidos.

Porém, não fui eu quem escreveu esta história,
Apenas fiz o papel o qual o egoísmo
Do amor imundo de dois
Me caberam fazer

Não estarei mais aqui para ler o que será dito sobre mim
ou para um veredicto
Me juntarei a aqueles que um dia
Acreditaram no crime perfeito chamado amor
E não creio que seja no inferno,
Pois neste já padeci o bastante.

 
Thiago Almeida.
 
 
 
Galera, tá ai o poema com a temática "IRA", espero que gostem, estou pensando em um novo tema para escrever, aceito sugestões. Beijos a todos :*