domingo, 24 de julho de 2016

Mais uma

O mundo não te esperou crescer pra lhe dizer algumas verdades, mas não sinta compaixão de si mesma, se crê no Cristo, espera nele e em toda sua legião de santidade.

Não se importe se em algumas noites a sua cabeça pesar e você fraquejar e entregar-se a bebida. Já que gosta de comparações eu lhe digo: naquela mesa sentada exalando sândalo, sinta como na sua ultima ceia, não tenha medo da embriaguez, há muito que se aprender através dela.

Junta uma porção de almas como você e se entregue ao devaneio etílico, abram suas vidas e joguem na mesa como um baralho, por dentro todo mundo gosta de saber que há gente em pior situação que a sua. Ou se vá sozinha você nunca foi impedida. Cuidado com os copos de conhaque pra que não derrubem sob seus escritos e manchem sob a tinta já seca, deixe isso pra suas lágrimas.

Quando sentar sozinha na cabeceira da sua cama e por-se a chorar, não faça baixinho, deixa que caia, deixe que esse vazio saia e grite piedade, acenda uma vela, chame seus santos quando menos esperar estará dormindo.

No outro dia mesmo que a boca seca e amarga de tanto cigarro, mesmo que a cabeça doa insuportavelmente, mesmo que o estomago revire, teu coração estará mais forte, talvez não em termos medicinais mas essas noitadas servem pra cicatrizar um pouco mais a culpa de um amor falido, de um amor não correspondido, de um amor inexistente.

O dia poderá ser dolorido, eu sei, mas terá tido a experiência noturna de beber na mesa de bar junto com os seus, momento oportuno para ter aprendido um pouco mais sobre essa vilania que é amar. Não se deixe abater minha querida, ainda terá muito que sofrer e que viver, eu sinto pena de ti pois já aprendeu que amor e dor caminham juntos, mas não se preocupe, o coração humano é teimoso e em breve deixará iludir-se por outro alguém.


Enquanto uns reclamam de fome, você chora por não ter ninguém.


Com amor, Madame Bleue.