sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Bilhete Sem Título, por Thiago Almeida.



Aquele vazio que nem o álcool preenche mais, aquele vazio que já desgastou o que de esperançoso havia em ti. Os amigos que já não podem lhe dizer nada que console aqueles sonhos que você nem lembra mais. A estafa de ser, a estafa de lidar com tudo e nada mais. O papel não cabe mais e as palavras são idiotas. O cansaço da semana que aflige as pernas e a cabeça, nem Deus, nem Buda, nem ninguém. É só você nesse vale de sombras que tem entrada pelo o coração e desemboca no escuro da noite, sozinha no quarto, sem conseguir chorar porque um sertão de dor secou tudo em ti.



Não há mais lei alguma que baste quando você torna-se sua própria lei. Não existe mais em mim qualquer resquício que almeje a felicidade, cumprirei minha sina e por mais que gozem do meu drama, ele é assim. E eu me entrego a delicia de estar dentro do circulo que me cabe, mergulhada protegida em minhas decepções que de longe nem mais me interferem. Só quero estar assim, anestesiada pelo o feito divino dos meus barbitúricos, lítios e conhaque.

Madame Bleue.