O mundo não te esperou crescer pra lhe dizer algumas
verdades, mas não sinta compaixão de si mesma, se crê no Cristo, espera nele e
em toda sua legião de santidade.
Não se importe se em algumas noites a sua cabeça pesar e
você fraquejar e entregar-se a bebida. Já que gosta de comparações eu lhe digo:
naquela mesa sentada exalando sândalo, sinta como na sua ultima ceia, não tenha
medo da embriaguez, há muito que se aprender através dela.
Junta uma porção de almas como você e se entregue ao
devaneio etílico, abram suas vidas e joguem na mesa como um baralho, por dentro
todo mundo gosta de saber que há gente em pior situação que a sua. Ou se vá sozinha
você nunca foi impedida. Cuidado com os copos de conhaque pra que não derrubem
sob seus escritos e manchem sob a tinta já seca, deixe isso pra suas lágrimas.
Quando sentar sozinha na cabeceira da sua cama e por-se a
chorar, não faça baixinho, deixa que caia, deixe que esse vazio saia e grite
piedade, acenda uma vela, chame seus santos quando menos esperar estará
dormindo.
No outro dia mesmo que a boca seca e amarga de tanto
cigarro, mesmo que a cabeça doa insuportavelmente, mesmo que o estomago revire,
teu coração estará mais forte, talvez não em termos medicinais mas essas
noitadas servem pra cicatrizar um pouco mais a culpa de um amor falido, de um
amor não correspondido, de um amor inexistente.
O dia poderá ser dolorido, eu sei, mas terá tido a
experiência noturna de beber na mesa de bar junto com os seus, momento oportuno
para ter aprendido um pouco mais sobre essa vilania que é amar. Não se deixe abater
minha querida, ainda terá muito que sofrer e que viver, eu sinto pena de ti
pois já aprendeu que amor e dor caminham juntos, mas não se preocupe, o coração
humano é teimoso e em breve deixará iludir-se por outro alguém.
Enquanto uns reclamam de fome, você chora por não ter
ninguém.
Com amor, Madame Bleue.
Com amor, Madame Bleue.
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