É o meu coração outra vez. Mas
não, não estou falando de amor, nem compaixão nem adoração ou tristeza.
Meu
coração que já sabe, já sabe de mim, sabe como sou maliciosa quando ele tenta
me pregar uma peça, fazendo com que bata mais forte ao me deparar com aquele alguém.
Ele agora me engana, simulando meu fim – quão mórbido, pode parecer eu falando
assim – mas agora, ele se tornou um aliado a minha mente doentia e me destrói a
cada dia que passa. Meu maior medo hoje em dia é sentir o medo, pronunciar essa
palavra está cada vez mais difícil: deixou de ser um som, se tornou; medo.
Já me mudei do oitavo andar,
agora eu moro no térreo. Já vendi todos meus revolveres, graças a Deus nunca
tive problemas com facas. Faca foi algo que eu nunca gostei muito, talvez fosse
porque ele gostasse tanto desse instrumento que me perfurava todos os dias –
Estou muito ordinária - ele me cortava com palavras: mas parecia faca.
Não sei mais o que dizer de mim. Não sei se aceito a loucura ou se saio para
um banho de sol. Este inferno de vida. Por que me fez tão questionadora.
Preferia ser, apenas mais uma vendedora de flores noturna, alguém que rezasse o
terço e esperasse em Deus: um consolo. Consolo pra mim é desconto na farmácia.
É beber e não acordar de ressaca.
Se eu pudesse dar um conselho aos
mais jovens, eu hoje diria: Levem a vida, como a veem através do reflexo do
espelho. Ela é apenas o que se vê, ela é apenas o que queremos ver, ela é
apenas aquilo que o tamanho do espelho nos permite ver. Mas não procurem querer
penetrar demais no sentido real da vida, experiências assim podem deixar
sequelas para todo o sempre. E o sempre, quando ruim: é ruim.
Desculpem, não ter escrito mais
de amor. Prefiro falar de vida e razão, pelo menos por esses dias, cansei.
Cansei de tudo e de todos, cansei até de mim, mas infelizmente não tenho
controle o suficiente sobre o que sou para por fim a minha vida. O fim, ele
ainda me arrepia.