sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Disparate de Escritora, por Thiago Almeida.



Hoje eu dei gargalhadas em plena livraria, e não fui porque li alguma charge comunista, foi porque li e vi com olhos e óculos o atrevimento de muitos que escrevem para o grande público. Sabe não penso que sou uma boa escritora e isso amarga minha alma, mas tento esquecer todas as noites tomando uma garrafa de conhaque, ou o contrário. Mas fico impressionada e um pouco chocada com os que escrevem sobre o comum, mas não se sentem comuns. Já falei sobre ser comum em alguns de meus versos; tenho boa memória. Escrever é meramente paixão e inspiração, sem isso são apenas palavras, amontoados, vazios que não tocam se quer o mais derretido coração. Às vezes me sinto bruta, talvez eu seja, mas hoje não quero adjetivo nenhum a respeito de mim mesma. Quero apenas compartilhar que falar do amor, por mais banal, que bocas imundas tornem esse sentimento-primeiro, é necessário respeito. Quando se escrever sobre dor, tem de se ter cuidado especifico, pois saiba que alguém do outro lado, fora da página se encaixa perfeitamente em cada espaço entre as palavras e ali se entrega, pois aquela é tua vida, é a tua escrita feita por outrem, é teu coração dilacerado em meio a paginas, é um consolo, pois mostra que no mundo alguém além dele, é capaz de amar ou de doer assim. Queria tanto rasgar aquelas páginas profanas, mas fui silenciada com guardas na portaria, às vezes esqueço que estou em mundo civilizado; como disse talvez eu seja um tanto quanto bruta. Então eu ri da ousadia destes escritores que nos fazem de refém com suas verdades cor de rosa, com suas dores falsas e seus prantos mentirosos. Escrever de dor e amor pra mim é oficio sério, só os escrevo quando realmente os sinto. Ou quando me torno caçadora de recompensas, quando visto minha pele suja de boemia e rancor, e assim caminho pelos bares sem hora marcada, sem limite de bebida, sem cintos de segurança, sem rumo, apenas caçando os inofensivos amantes. E, aliás, hoje prometi a mim mesma a sair, preciso apressar-me, ando sedenta da boemia, vagarei sobre os bares das ruas, talvez eu encontre alguma história, talvez eu encontre algum destes escritores inescrupulosos e descrentes no amor fazendo estória. Seria perfeito, deitar-me sobre a cama de quem escreve de amor sem me ter conhecido, uma noite seria o suficiente pra eu lhes mostrar do que em meus rascunhos está cheio e de que meu coração está vazio: compaixão humana.


Madame Bleue.

2 comentários:

  1. Madame Bleue com seus conhaques e boemia.MInha Diva!
    Pina

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  2. amei amei amei, Thiago. adoro o que escreve, de verdade! escreva sempre, todos os dias, horas livres...

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