quinta-feira, 1 de março de 2012

Esquecer, e lembrar de mim. por Thiago Almeida.




Cheguei cansada de tanta labuta e também, mais ainda, de um sentimento inerte - olhei no espelho e tentei entender o que não tem mais cara: não vi mais nada; só talvez o tempo passando bem em minha testa.
Nem quando olhei dentro dos meus olhos, e olhei fundo não mais reconheci meu coração, tentei examiná-lo, mas ele estava lá no fundo e escuro, como se estivesse trancado em um porão.
Sentei e lembrei, fui a fundo a cada lembrança, passei pela primeira de te ver, na segunda de te amar e nas milhares em que ainda tento te esquecer, e confesso ainda estou arrasada pela ultima - lembrei de tantos detalhes que pude ouvir minha voz rouca, murmurando algo que nem mesmo eu pude entender, meus olhos fugindo, carregados de insegurança desde sempre, e muito suor em meu corpo; mas percebi que em ti - tudo mudou.
Tomei um gole de cerveja e não desceu bem, tinha algo engasgado em minha garganta: senti cada gota arranhando as minhas cordas vocais calejadas de gritarem seu nome. Então fumei e em cada tragada a fumaça me fazia mal, tudo ruía dentro de mim. Senti-me como um azulejo velho que aos poucos apodrece e se desprega da parede.

 As minhas idéias ficaram tão loucas que percebi que tanto amor é nada, que jamais será nada, que tudo foi nada e de nada meu coração está farto.
Amanhã, vou procurar outro afago sem ser mesa de bar. Talvez eu crie forças pra esquecer, antes que seja tarde demais e eu continue a só esquecer de mim  -  Antes que seja tarde demais para olhar pra trás e não me ver estirada em baixo de um viaduto qualquer,  antes que seja tarde demais para lhe ver passando com seu carro pelo resto das tripas e vísceras que restarão de mim.


Madame Bleue.

2 comentários: