quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Comum, por Thiago Almeida.

Minhas tardes são excepcionalmente comuns, sou comum, vivo comum. Sempre bebo café, sempre espero o sol se por, não tenho grandes ideais, às vezes tomo um ônibus quando estou longe de casa, quando preciso sair.
É raro, me incomoda ver gente, principalmente nesta época de fim de ano. Mas algo não comum, ou tão comum que seja até normal para quem estiver lendo e tentando entender-me do que estou a falar.
Um jovem rapaz chorava ao meu lado dentro do ônibus, havia me esquecido que as pessoas se comovessem procurei em suas mãos, e não encontrei nenhuma literatura - ora, algo lhe incomodava - perguntei se estava tudo bem, acho que isso é comum, os seres humanos tem por obrigação serem comumente gentis?
Ele disse que estava tudo bem, mas eu reconheci aquele olhar, o rapaz estava sofrendo de amor, pobrezinho não tinha mais que vinte e dois anos, e estava amando. Confesso, fiquei balançada, mas me distrai com um vendedor oferecendo doces aos passageiros...
O rapaz desceu do ônibus e me perguntei o que será desta criatura? Desejei-lhe sorte em sua vida, lembrei de mim vinte e dois anos atrás... Eu ainda chorava.
Cheguei a meu ponto de ônibus, desci e fui andando até minha casa, acendi uma cigarrilha de chocolate, adoro-as - é todo o prazer mundano que tenho e posso usufruir.
Abri minha caixa de cartas e decepções... Chorei.... vi nossas fotografias.... é, já fazem vinte e dois anos....


saudade, meu bem, saudade.

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