quarta-feira, 28 de julho de 2010

A Preguiça de Catalina, Part I, por Thiago Almeida.

PARTE I



Tudo acontece no centro da cidade, uma casinha modesta que resistia bravamente entre prédios que pareciam achatar-lhe, "Casa modesta, sim, mas construída com dinheiro ganhado por seu pai com muito suor!", era o que sempre dizia Dona Constanta Popescu, uma senhora de 62 anos.

Dona Constanta era uma mulher um tanto quanto rechonchuda, tinha um longo cabelo branco que sempre estava preso sobre um coque, adorava literatura, principalmente as oriundas de seu saudoso pais natal, a Romênia. Ela freqüentava assiduamente a Igreja Ortodoxa do bairro Baltazar Cortês, adorava cozinhar e contar histórias de sua infância e lamentava sempre que podia o fato de estar em um país estrangeiro, era casada com o Sr. Ivan Popescu, dono de uma mercearia no centro da cidade onde se vendia iguarias da qual importava de seus parentes na cidade de Giurtelec, onde ele e sua esposa nasceram.

O senhor Ivan era um homem de 65 anos, muito rústico, adorava coisas simples como a comida de sua amada esposa, ir à missa, fazer contabilidade de sua loja com o velho papel e caneta, - sim, ele recusava o uso de computadores ou calculadoras.Tinha uma pele sardenta castigada pelo o tempo e o cansaço, longos bigodes e sempre estava de boina e cantarolando canções religiosos em sua língua natal, o romeno.

O casal tinha 4 filhos, três voltaram para Romênia, para suas cidade natal e já haviam se casado e a mais nova Catalina Ivana Popescu, que tinha pavor só de pensar em viver naquele pais frio, trabalhando em lavoura. Catalina tinha 30 anos, se formou em ciências contábeis e trabalhava na tesouraria da prefeitura desde então, ruiva e com grandes olhos azuis, estava bem acima do peso. Tinha um noivo, Dimitri o qual não pretendia se casar. Ela era fã de Janis Joplin, adorava cinema, astrologia, e dias de folga o quais passava vendo TV. Tinha um hábito o qual seus pais desaprovavam,era fumante e não iria abandonar o cigarro por nada.

Certo dia, Catalina respondeu um teste em um revista velha deixada no escritório, no titulo dizia: VOCÊ É SEDENTÁRIA? O resultado de Catalina foi acima da média para negativo, e um conselho da revista alertava: Cuidado, pratique atividades físicas, sedentarismo não combina com mulheres do século XXI, o que pensarão suas amigas se você não couber naquele vestidinho da estação. Catalina deu uma risada irônica e pensou - Mulher do século XXI? Haha, nesses momentos tenho que concordar com mamãe e ser uma mulher da idade da pedra - pegou delicadamente sua cigarreira e acendeu velozmente um cigarro.



Catalina tinha pavor de qualquer atividade física, no sentido bem literal, unilateral e semi-lateral da palavra.

- Foi uma luta com essa menina, se eu a deixasse nem teria terminado a escola, só queria saber de ficar em casa e ouvindo aqueles enviados do satã, que a deixavam possuída! - indagava dona Constanta.

Os enviados do satã na verdade eram as bandas de rock que Catalina ouvia em sua adolescência, e a suposta possessão eram frutos dos gritos de Catalina em momentos de explosões hormonais, culminados pelas regras "caretas" de seu pai.



- Na verdade ela só melhorou depois que o pai ameaçou queimar aquele guarda-roupa fúnebre dela, e das minhas novenas e promessas que fiz para o senhor Jesus e dos sermões do reverendo - dizia a mãe

- Depois dos sermões do Reverendo Tudor, ela deu uma melhorada! Mas mesmo assim o pai tinha de lhe deixar todo santo dia na universidade, porque senão ela passava o dia no quarto, com aquele troço fumarento "Dona Constanta não falava a palavra cigarro, fumante e seus derivados em sua casa", que deus tenha piedade da alma da minha filha

Existiam duas coisas na vida que Catalina temia: Acordar cedo e os sermões do reverendo Tudor.

 
CONTINUA....

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