quarta-feira, 28 de julho de 2010

A Preguiça de Catalina - Part II, por Thiago Almeida.

PARTE II

Os dias se passavam, e Catalina estava cada vez mais preguiçosa, inventava doenças, criava congestionamentos,tudo para justificar suas faltas e atrasos no trabalho. Em um desses dias seu celular toca, e ela o atende:

- Catalina, gostaria de almoçar com você hoje no shopping, é possível? - era Dimmitri, e carregava em sua voz um tom.frio e desdenhoso, Catalina achou estranho, já que ela não via o noivo há mais de três semanas, e sim, ela não fazia a mínima questão . Dimmitri, era filho de um casal Russo de classe média alta, era advogado no escritório de seu pai e bem religioso, Catalina não o suportava, mas sua mãe lhe dizia que era um bom partido e que não deixaria faltar comida para seus futuros netos e que ela não podia deixá-lo escapar, na verdade tudo que ela queria, era escapar daquele noivado, Catalina se bastava.Pensar em si mesma e se ocupar fazendo nada eram compromissos inadiáveis para ela.

Ela respondeu:

- Não querido, o shopping é muito longe, vamos comer lá em casa mesmo?

- Temos que conversar e prefiro que seja a sós. - indagou o rapaz.

- Então me pegue meio dia, pode ser?

- Sim, meio dia estarei na recepção.

E se despediu de modo prático, sem lhe falar dos jogos de tênis, ou de sua coleção de tampinhas de garrafa, bem diferente do habitual, Catalina sabia que algo havia acontecido. Ligou no ramal de seu chefe e lhe falou que teria que levar sua mãe ao hospital e por isso precisava ser liberada do turno da tarde “ Vou aproveitar o almoço com aquele panaca, para dar uma fugidinha do turno da tarde” - pensou Catalina.

E já pensava no momento em que se despediria de Dimmitri, chegaria em casa e deitaria em sua cama macia, ouviria seus CDs de rock “pauleira” e iria comer as barras de chocolate que ela havia comprado na doceria nova da esquina e dormiria em um sono profundo e relaxante.



Meio dia, shopping lotado, era Julho, crianças para todos os lados e Catalina reclamando da escada rolante estar desativada pois algum garoto havia enfiado algo na engrenagem da escada. Na decisão de onde comer, Catalina opta por fast-food, "Essas coisas ainda vão te matar", ouve em seus pensamentos a voz aconselhadora e gritante de sua mãe ecoando-lhe sobre a cabeça, "Ainda bem que você está tão longe mamãe” com essa frase mentalizada afastou a voz de dona Constanta..

- Pois bem, fala Dimmitri, o que você quer?

- Serei direto, como você sempre gostou que eu fosse Catalina - respondeu o jovem

- Só espero que não seja pra desabafar sobre as crises da sua mãe, manda essa mulher pro sanatório logo.

- Não é sobre minha mãe!

- Não?
Poster de Janis, no quarto de Catalina.

- Não, é sobre nós, quero terminar nosso noivado, acabou pra mim, estou farto da sua displicência com minha pessoa

- Ahn? era isso? por que você não me disse no telefone? também estou cansada de você, da sua mãe louca e do seu vocabulário jurídico.

- Como eu imaginei Catalina, você não gosta mesmo de mim, uma pena, pois eu acho que te amo.

De repente Catalina cuspiu a batata frita que mastigava lentamente:

- ME AMA? Desculpe Dimmitri, mas não nasci para o amor, não quero ser como minha mãe, quero ser livre, quero ter minha liberdade, quero acordar e poder fazer mais uma tatuagem sem me preocupar com o reverendo, com minha família, quero durmir até tarde...você vai arranjar outra moça que se interesse por você e pela sua coleção de tampinhas - debochou Catalina.

- Isso tá maravilhoso, diz Catalina, referindo-se as batatas fritas.

Dimmitri se cala, e deixa a mesa bruscamente de cabeça baixa, certamente ele estava chorando, mas isso não abalou as estruturas do mundo de Catalina, ela devorou seu sanduiche, desceu as escadas, comprou cigarros na banca de revista e foi embora de taxi.



- Em casa? essa hora? - perguntou dona Constanta, curiosa.

- Sim, me liberaram mais cedo, vi seu queridinho hoje mãe, o chato do Dimmitri... e ah, terminamos nosso noivado - falou Catalina

- MEU SANTO DEUS! COMO TERMINARAM? O QUE VOCÊ FEZ SUA CRIA DO DEMÔNIO? SIM... Catalina bateu a porta do seu quarto e colocou um disco de vinil de sua cantora favorita, deitou em sua cama, acendeu um cigarro, mordeu um chocolate e logo após adormeceu.

CONTINUA....

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